Não conhecia nada. Ia de espírito limpo, sem razão para gostar nem razão para desgostar. O mais a norte em que já estive foi em Fafe, e festival de Verão sempre teve um nome: Sudoeste. Achamos sempre que a nossa casa é a mais bonita até vermos a do vizinho e… Paredes de Coura é a casa do vizinho.
Passo a explicar porque é que Paredes de Coura, enquanto festival, mete o Sudoeste a um canto:
1. Falta de pitas. Há lá uma ou outra que foi para representar a classe, mas nada de especial;
2. Menos gente. Paredes de Coura não sofre do mal do Sudoeste de lá ir parar tudo o que é maralha simplesmente porque si. Aquilo é longe demais. E a maralha é preguiçosa como se sabe;
3. Mais pessoas da aldeia. Eles andavam sempre por lá, nas mesmas mesas, nos mesmos cafés, a beber a sua cerveja às 18h da tarde como qualquer um de nós. Convive-se sem atritos e no puro respeito pela paisagem. Lindíssima por sinal;
4. O palco. Para pessoas de pequena estatura como eu, a localização do palco determina tudo. Determina se vemos as costas do vizinho da frente ou a banda. No Sudoeste limitava-me a ouvir a olhar para as costas do vizinho ou então ia para a frente nos concertos mais ignorados pelo comum festivaleiro, como Nitin Sawhney no ano passado. Em Paredes, tudo foi diferente. O palco está no meio de um vale, que forma um anfiteatro natural. Estava distante e consegui ver tudo.
5. Dormir. Quem já passou pelo Sudoeste, ou melhor pelo campismo do Sudoeste, sabe que a partir das 8h não se consegue dormir dentro das tendas. Em Paredes… o campismo é mesmo no meio da mata, além daquela não ser uma zona muito quente, há sempre sombrinha. Acordei depois da 13h tarde.
Eu não estou a evangelizar Paredes de Coura. É só porque aquilo é muito bom.
Há 11 anos
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