segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Das tunas e associações académicas

Nos meus tempos de faculdade sentia-me algo impelida a fazer parte da tuna, da comissão de praxe e afins. Simplesmente porque sem isso parece que não temos vida académica. Mas o que raio é isso de vida académica?

Instaurou-se a ideia errada de que a verdadeira academia é copos, companheirismo e praxes. É pandeiretas e cantorias, danças e saltos regados a cerveja! Eu pensava que sim. Mas não.

A academia de verdade, e aquela pela qual eu gostaria de ter passado, é competitiva e maçuda. É companheira nas lutas para fazer o melhor trabalho de grupo da turma, mesmo o melhor da escola. A academia pela qual eu gostaria de ter passado é de noites a fio a discutir o melhor caminho, a engendrar soluções para problemas que ainda não existem, é de desafios entusiasmantes e concorrência saudável. É uma academia mais próxima das antigas, feita de festas para descomprimir do estudo, e não de estudo para passar à rasca. É uma academia que me ensina a vingar cá fora. No mundo real, em que tunas e praxes são apenas brincadeiras de miúdos.

4 comentários:

João Campos disse...

Percebo-te.

Mais acrescento, se fosse hoje não participaria em nada do que participei, com excepção do Conselho Pedagógico. Olho para trás e vejo todo um mundo estranho, que apesar de me ter acrescentado alguma coisa, não acrescentou nada de significativo. Talvez também por isso tenha feito um corte tão brusco com a universidade assim que concluí o curso. Aquele mundo não era para mim. Não me deixou saudades. Hoje, provavelmente nem participaria nas praxes enquanto caloiro, muito menos como "veterano" (apesar de me orgulhar de sempre ter tratado todos os caloiros com muito respeito).

Temos uma concepção errada da vida académica, é verdade. Mas repara, tudo isso que mencionas - a competitividade, o estudo, a inteligência - remetem para um mundo que não o nosso. O nosso ensino, do primário ao universitário, é profundamente medíocre. E pior: absolutamente desligado do "mundo real", tanto em teoria como na prática.

Enfim, agora só retomando os estudos. Longe daqui, de preferência.

L.Chatterley disse...

Eu não sei se participaria ou não, mas mesmo se participasse, seriam actividades que não teriam um terço da importância que tiveram para mim na altura...

Well but time wont go back, right?
Agora é mesmo so voltando a estudar... :)

João Campos disse...

Eu sei que não voltaria, e explico porquê. Depois de ter concluído o curso voltei a ter contacto com o mundo das praxes, em encontros esporádicos nas ruas da cidade e mesmo num jantar da minha antiga equipa a que ainda fui. Achei tudo aquilo tão estranho.. como se fosse um mundo do qual eu nunca tinha de todo feito parte. Não me arrependo de nada - ou talvez me arrependa apenas de não ter ido às trombas de uma certa pessoa. Adiante: não me arrependo, mas não voltaria. Nem se trata da máxima de "não regressar ao sítio onde fomos felizes", trata-se simplesmente de não querer andar para trás.

Voltar a estudar. Tenho-te dito sempre que não estou para isso, mas sinceramente, acho que gostaria muito de queimar uns aninhos a estudar literatura anglo-saxónica... em Inglaterra, claro está. Num sítio que me exigisse esforço real, e que premiasse o meu mérito se ele existisse. Tenho dias e, que me sinto absolutamente medíocre, e isso deve-se às carradas de professores como a nossa de História Contemporânea que apanhei ao longo dos anos...

L.Chatterley disse...

Sim... Também me sinto assim diversas vezes. Principalmente porque no meu dia-a-dia não faço nada que realmente me desafie.